Os usuários de internet no Brasil já ultrapassam os 152 milhões segundo estimativa TIC Domicílios 2020 (Edição COVID-19 – Metodologia Adaptada). Esse número corresponde a 81% de nossa população com pelo menos 10 anos.
O Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br) foi quem promoveu a pesquisa que foi lançada no dia 18 (quarta-feira) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) que pertence ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Quando comparado com o resultado apresentado em 2019 percebe-se que houve um aumento de 12 pontos percentuais e de 7 pontos percentuais respectivamente.
Foi preciso fazer adaptações na metodologia que foi utilizada nessa edição da pesquisa devido a pandemia causada pelo novo coronavírus. O período de realização das entrevistas foi de outubro de 2020 até maio de 2021 e elas foram feitas preferencialmente por telefone.
Segundo o gerente do Cetic.br|NIC.br, Alexandre Barbosa, houve uma demanda maior da internet durante a pandemia. Isso se deve ao fato de que atividades essenciais foram migradas para o meio digital. Ainda de acordo com Alexandre, os resultados acabam mostrando a resiliência que a rede possui em cenário com crise sanitária.
Aumento na proporção de usuários de internet
Quando feita uma comparação da pesquisa atual com a de 2019 foi detectado que a proporção dos usuários de internet sofreu um aumento. O que chamou a atenção é que esse aumento foi mais significativo entre a população das áreas rurais. Em 2019 a porcentagem dessa população com acesso a rede era de 53% e passou a 70% em 2020.
Entre os habitantes que possuem pelo menos 60 anos a porcentagem saiu de 34% e passou para 50%. A população que possui apenas o Ensino Fundamental com acesso a rede saiu de 60% e passou para 73%. Entre as mulheres o resultado foi para 85% quando era 73% e nas classes DE passou para 67% quando era 57%.
Conforme Barbosa, o ano de 2020 teve um aceleramento no uso da rede entre a população mais vulnerável. Entretanto, apesar da Internet no Brasil apresentar um alcance maior, os indicadores mostram que as desigualdades no acesso ainda continuam. A prevalência de usuários é maior entre aqueles das classes mais altas, jovens e escolarizados.
Domicílios que possuem acesso a internet
Tanto nas áreas urbanas quanto rurais, em todas as regiões e faixas de renda familiar foi observado que a proporção de domicílios que possuem acesso a rede teve um crescimento. Em comparação com 2019 as diferenças são mais significativas entre os domicílios pertencentes às classes C e DE.
No ano de 2019 a porcentagem era, respectivamente, 80% e 50%. Em 2020, as porcentagens dessas mesmas classes correspondem a 91% e 64% respectivamente. Já as diferenças regionais apresentaram um recuo.
A conexão domiciliar em banda larga fixa é a mais utilizada, com 68%. Mas a fibra óptica e o cabo apresentaram um aumento especial quando comparado com a última edição que a TIC Provedores lançou.
A quantidade de computador portátil, desktop ou tablet teve um aumento bem considerável segundo esse estudo. Em 2019, a porcentagem desse tipo de aparelho era de 39% e passou a ser 45% em 2020. Esse resultado reverteu a tendência do declínio desses aparelhos que estava sendo desenhado nos últimos anos.
Mais TV que computadores
Pela primeira vez a proporção do acesso à internet através da TV ultrapassou o computador. Segundo os resultados dessa pesquisa, 44% dos usuários brasileiros utilizam esse aparelho eletrônico para ter acesso a rede. Houve um aumento de 7 pontos percentuais para cima em relação ao que foi registrado em 2019.
Segundo Alexandre Barbosa, os usuários entre 16 e 24 anos (54%) e os pretos (48%) tiveram as maiores diferenças no uso da internet através da TV quando comparados com 2019.
Atividades online
As atividades online tiveram um aumento em 2020 em relação a 2019. Entretanto, as desigualdades quanto ao aproveitamento das oportunidades oferecidas online continuam persistindo.
Por exemplo, os usuários pertencentes a Classe C estudaram mais e realizaram mais cursos a distância em 2020, mas essa proporção é inferior aos da Classe A. De acordo com o levantamento 42% dos usuários procuraram serviços públicos online no ano de 2020 enquanto que 37% realizaram esse tipo de serviço.
A concentração dessas atividades é maior entre os moradores das áreas urbanas pertencentes às classes A e B e com mais escolaridade. As transações financeiras também obtiveram um aumento no ambiente digital, deixando de ser 33% em 2019 e passando a 43% em 2020. Esse aumento é mais expressivo nas classes C e DE.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em 5.590 domicílios através do telefone e coleta face-a-face. Por causa da pandemia, os entrevistadores ficaram restritos ao deslocamento.
Seu resultado está alinhado com as pesquisas anteriores, mas é preciso ter cautela quanto às comparações, pois as margens de erro dessa edição são maiores.
FONTE: TELESÍNTESE